"A expectativa é de justiça. A gente precisa de justiça de qualquer jeito. Ele acabou com a minha vida. A vida da gente virou outra”.
O desabafo é de Soraia Cristina de Figueiredo, que há 11 anos espera por uma resposta para a morte do tio, o servidor público Geraldo Pedro Batista.
O acusado do assassinato, o corretor de imóveis Paulo Alkmin Neto, será julgado nesta terça-feira (24), no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte.
O crime aconteceu no dia 10 de março de 2010, no apartamento em que a vítima morava, no bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul da capital. Segundo a denúncia, o homicídio foi cometido após um desentendimento por causa da negociação de um imóvel.
O réu, que responde ao processo em liberdade, chegou ao fórum acompanhado do advogado e não quis falar com os jornalistas. O julgamento, presidido pelo juiz Daniel Leite Chaves, começou com o sorteio de jurados. Dois homens e cinco mulheres fazem parte do conselho de sentença.
Desentendimento em negociação
Soraia, que se considera “sobrinha-filha” do servidor público, conta que o tio havia comprado um apartamento, mas não tinha gostado do imóvel e, por isso, queria adquirir uma outra unidade no mesmo prédio. Segundo ela, para que o corretor garantisse o novo apartamento no 11º andar, Geraldo havia dado um sinal de R$ 45 mil.
Corretor de imóveis vai a julgamento por assassinato premeditado
Entretanto, de acordo com Soraia, ele não conseguiu vender o apartamento para que comprasse o outro e, então, precisou desfazer o negócio. A sobrinha alega que o dinheiro nunca foi devolvido.
Segundo os argumentos do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) no processo, o crime teve motivação torpe, já que o réu teria premeditado o assassinato com intenção de pegar um comprovante da negociação no apartamento de Geraldo. Ainda de acordo com a denúncia, o servidor público dormia no momento em que foi morto.
Segundo Soraia, o corpo do tio foi localizado por uma amiga que iria visitá-lo. A sobrinha diz que ela encontrou o apartamento revirado e documentos da vítima espalhados, mas a nota promissória da negociação não estava lá.
A amiga é Soraya Najar, tesmunha no julgamento. Ela disse que, três dias antes do crime, recebeu uma ligação em que Geraldo pediu para que ela fosse visitá-lo e contou que estava com um problema e com muito medo.
"Ele falou que precisava conversar pessoalmente. Mas disse que o que estava acontecendo era o seguinte: 'Lembra do apartamento que eu estava comprando? Eu passei R$ 45 mil para o corretor, que é meu amigo, peguei uma promissória, só que meu apartamento foi desfeito o negócio. Como foi desfeito o negócio, ele não me devolveu o dinheiro e agora eu estou sob ameaça'", relembrou."
Segundo informações do processo, o corretor disse que repassou todo o valor ao servidor público após o negócio ter sido desfeito. Procurada pelo G1, a defesa do réu disse apenas que ele é inocente e que isso será provado no tribunal do júri.
O crime aconteceu na mesma noite em que Geraldo e a amiga conversaram. Segundo ela, três dias depois recebeu uma ligação da secretaria da Fazenda, informando que o servidor havia faltado ao serviço. Depois disso, Soraya, que tinha a chave do apartamento, foi até a casa dele.
"Vi ele deitado na posição que ele dormia, normal, sem nenhum sinal de quem se debateu. Quando cheguei perto, ele estava degolado, da traqueia até a coluna cervical", disse.
Durante o julgamento, a primeira testemunha a prestar depoimento foi uma colega de trabalho da vítima. De acordo a assessoria do fórum, ela contou que Geraldo foi transferido para o setor em que ela atuava pouco tempo antes do crime e que, em 15 dias trabalhando juntos, percebeu uma mudança no comportamento da vítima.
Ela ainda relatou ter ouvido alguns telefonemas em que ele cobrava uma dívida da pessoa do outro lado da linha.
Soaraia Figueiredo, sobrinha da vítima, é uma das testemunhas no processo.
A família de Geraldo espera que, ao fim do julgamento, os jurados decidam pela condenação de Paulo pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.
"São 11 anos de luto e são 11 anos que eu sofro esperando essa justiça. Eu preciso seguir, eu preciso de vida e eu não tenho mais vida. Eu preciso que as pessoas acreditem que morreu uma pessoa que não merecia, injustamente. Ele foi meu pai e me deixou a melhor herança: dignidade e honestidade. Ele era um homem de verdade. Então, infelizmente, eu quero condenação, eu quero justiça", afirmou a sobrinha. "
Por Raquel Freitas, G1 Minas — Belo Horizonte
Colaborou: Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
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