O resultado das eleições em Cuiabá frustrou muita gente que apostava que estaria definitivamente eleita – o caso de Misael Galvão, Toninho de Souza, Marcos Veloso ou Ricardo Saad, para citar candidatos a reeleição de vereador -, e criou cenários que exigem ponderação em se tratando das candidaturas majoritárias.
Pelos insucessos, que não culpem a abstenção provocada por 87.236 ausentes, nem os votos em branco, nulos e o cancelamento de títulos por falta de biometria.
Esses quatro fatores abateram a todos, integral e proporcionalmente, e não apenas a um ou a outro.
Contando com uma grande estrutura montada pelo governador Mauro Mendes e pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho, o ex-prefeito Roberto França foi o maior derrotado – e levou abraçados os dois apoiadores a imergirem de forma que será preciso avaliar bem os números, se se quiser pensar em 2022.
O candidato do Podemos, Abílio Bruninhi, o Abílio Júnior, campeão parcial da votação deste domingo, amontoou votos ideológicos, resultado do discurso ‘’anti’ ’Emanuel, do jeito atirado de fazer campanha e das postagens antes mesmo da campanha do vídeo em que o candidato à reeleição, Emanuel Pinheiro, aparece colocando dinheiro nos bolsos do cenas do o “Paletó”.
Abílio também se aproveitou da cassação passageira do mandato de vereador. Mas, é verdade, ele teve o esteio da enorme estrutura das igrejas evangélicas, cujos pastores não pedem, mas impõem a votação no candidato com os quais acertam.
Além de tudo, comandou uma fatia de recursos provenientes de doações e do fundo eleitoral.
O candidato situacionista, Emanuel Pinheiro, como é praxe, se utilizou de todo o aparato que o cargo lhe apraz, trabalhou os cerca de 3.500 funcionários contratados e/ou indicados e conseguiu superar as barreiras criadas pelo panorama não favorável dos processos que responde e a alta rejeição.
Não só isso: com maior potencial, arrebanhou lideranças políticas, muitas caras e de vulto, e contou com uma invejável fatia do fundo partidário e doações de todos os lados.
Com essa envergadura, conseguiu a dianteira em relação à Gisela Simona (Pros), que vinha lhe tirando o sono.
A bem disso, aliás, em tese, pode-se dizer que Gisela foi a maior vencedora do pleito, considerando o seu desempenho nas urnas sem contar com as ferramentas [dinheiro] utilizadas pelos concorrentes na campanha.
Ao contrário de França, Emanuel e Abílio, a candidata do Pros tocou uma campanha modesta, com um discurso de mudança que atraiu uma legião de voluntários, mas empacou no convencimento das mulheres, que, por contradição, se deixaram seduzir pela ‘onda’ anticorrupção comum aos pleitos, embora a densidade demográfica eleitoral feminina seja superior à dos homens.
Tarefa comum ao fim do período eleitoral, o encontro entre vencedores e derrotados mostra um quadro interessante e que pode se tornar tendência nos próximos anos: a conquista de cadeiras nas Câmaras Municipais por mulheres, no universo habitado, ainda predominante, pelos homens.
Em todos as 141 municípios, apenas seis não elegeram mulheres para os legislativos. Noutros, como Cáceres e mais 14 localidades, o eleitor elegeu mulheres para o comando do Executivo.
Negando-se a comprar apoiadores e contratar lideranças a ‘‘peso de ouro’, Gisela chegou bem, cravou mais de 52.000 votos, bateu França, que tinha estrutura 500% muito maior e agora pode ser fiel da balança no segundo turno.
Por fim, deixou a esperança de que o valor da mulher, a redução da influência pela grana e a escolha dos candidatos pelas suas propostas possam se cristalizar, aos poucos, pleito após pleito.
Tancredo Neves, eleito pelo colégio eleitoral em 1985, cunhou a frase “o brasileiro não está habituado e vai demorar 50 anos para começar a aprender a votar” explicando a eleição indireta para presidente da República. Se é isso mesmo, ainda faltam ainda 15 anos.
Jorge Maciel é jornalista em Cuiabá
Jornalista: Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
Municípios da Grande Baixada Cuiabana.
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