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Cuiabá(MT), Quarta-Feira, 17 de Abril de 2024 - 23:53
04/05/2021 as 16:18 | Por Hiper Noticias |
JBS é condenada a pagar R$ 1 milhão por irregularidades trabalhistas em Diamantino
De acordo com a sentença, a empresa deverá pagar uma indenização por danos morais coletivos
Fotografo: divulgação
Sem Legenda

O Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT) obteve a condenação da JBS/Friboi em ação civil pública ajuizada após a verificação de diversas irregularidades relativas à jornada e ao meio ambiente de trabalho na planta de Diamantino (180 km de Cuiabá).

De acordo com a sentença, a empresa deverá pagar uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 1 milhão.

A quantia será destinada a instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos escolhidas pelo Comitê Interinstitucional Gestor de Ações Afirmativas, em especial às que desenvolvam políticas voltadas à defesa do meio ambiente laboral e à assistência social a crianças e ao adolescentes.

“Tenho que o valor da indenização a ser prestada à coletividade deve compreender montante apto a demonstrar à requerida que não é economicamente vantajoso assumir o risco de desrespeitar os princípios e preceitos constitucionais e legais inerentes à saúde, higiene e segurança no trabalho”, pontuou a juíza Rafaela Pantarotto, da Vara do Trabalho de Diamantino, ao arbitrar o valor da indenização por danos morais coletivos.

O MPT esclarece que o dano moral coletivo atende a uma tríplice função — punitiva, compensatória e pedagógica.

“A condenação pecuniária deve significar uma penalização pela prática de conduta tão reprovável quanto ilícita, que, certamente, resultou em benefícios indevidos para a empresa, circunstância que fere e indigna a sociedade como um todo, visando a maximização dos lucros em detrimento dos direitos dos trabalhadores, como observado no caso em tela”.

O descumprimento da jornada de trabalho prevista em lei, a insuficiência de medidas de ergonomia e de segurança no uso de máquinas e equipamentos, a exposição dos trabalhadores a ruído excessivo e falhas no gerenciamento de riscos e na confecção e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) estão entre as irregularidades encontradas no frigorífico.

O MPT apontou também a existência de problemas no controle de agentes patogênicos, na proteção contra intempéries e na manutenção do piso das indústrias.

Antes de ajuizar a ação civil pública, o MPT instaurou dois inquéritos civis em face da empresa JBS S.A para apuração das irregularidades denunciadas, as quais chegaram ao conhecimento do órgão após ação fiscal promovida pela Superintendência Regional do Trabalho de Mato Grosso (SRT-MT) em 2015.

Durante a investigação, considerando os autos de infração e relatórios de inspeção encaminhados pela SRT/MT, bem como o laudo pericial confeccionado pelo Setor de Perícias do MPT em maio de 2017, apurou-se que a empresa suprimia habitualmente o intervalo interjornada de seus empregados.

“A instrução do inquérito civil revelou o padrão de comportamento omissivo assumido pela ré na promoção de um ambiente de trabalho sadio aos trabalhadores”.

A JBS deverá cumprir 21 obrigações de fazer e não fazer, nas condições e prazos estabelecidos pela Justiça do Trabalho, sob pena de multa de R$ 70 mil por cada item não regularizado.

Especificamente em relação às obrigações de fazer envolvendo jornada de trabalho (intervalo interjornada e pausas psicofisiológicas), a sentença fixou multa diária de R$ 1 mil por descumprimento e por empregado prejudicado. Todas as obrigações deverão ser cumpridas independentemente do trânsito em julgado da decisão.

Intervalos

Diante da constatação da inobservância da regular concessão do intervalo interjornada, a JBS foi condenada a cumprir, sob pena de multa, a obrigação legal de conceder a todos os trabalhadores um período mínimo de 11 horas de descanso entre duas jornadas de trabalho.

Segundo o MPT, a medida judicial se mostrou a única apta a compelir o frigorífico a cumprir a legislação trabalhista e a inibir a reiteração da prática violadora das garantias sociais de seus empregados — a empresa já havia sido autuada pela SRT/MT em 2014 pelo mesmo problema (Auto de Infração nº 20.514.981-2).

Diante das provas apresentadas pelo MPT, a magistrada concordou que, de fato, houve diversas oportunidades em que os trabalhadores não tiveram garantido o intervalo mínimo de 11 horas.

“Tanto é assim que a ré não nega a ocorrência de tais fatos, porém argumenta que tal se deu em virtude de necessidade imperiosa”.

Na sequência, a juíza esclarece, em relação à questão levantada pela JBS sobre a necessidade imperiosa, que o caso não se amolda à hipótese prevista no art. 61 da CLT. “Em uma interpretação teleológica, extrai-se a conclusão de que [a necessidade imperiosa] se destina a casos pontuais de necessidade do serviço e não situações que se repitam ao longo do tempo, como se observou no caso da ré. Isso porque, conforme asseverado pelo autor em sua impugnação, a atividade principal e diária da ré é justamente o abate de bovinos, de modo que o abate não configura situação excepcional, não sendo de porte, de todo modo, a excluir a obrigação de cumprir o que a lei determina quanto ao intervalo interjornada”.

Na ação, o MPT observou que a supressão do intervalo interjornada causa diversos prejuízos aos trabalhadores.

“A supressão desse intervalo, mesmo que com respectiva compensação pecuniária, além de prejudicar o convívio comunitário, político e social do trabalhador, acarreta, a longo prazo, consequências danosas à saúde desses trabalhadores, onerando o sistema único de saúde, suportado por toda a sociedade”.

A empresa também foi condenada a assegurar pausas psicofisiológicas aos empregados que laboram nas atividades ligadas diretamente ao processo produtivo.

Em razão de serem exigidas repetitividade e/ou sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, devem ser garantidos períodos de descanso de, no mínimo, 20, 45 ou 60 minutos, conforme a jornada.

Outras obrigações

Durante a investigação, o MPT constatou irregularidades relativas à exposição dos trabalhadores do frigorífico a níveis de ruído que superam os limites de tolerância permitidos.

Por esta razão, a empresa foi condenada a adotar, para controle de exposição ao ruído ambiental, medidas que priorizem a sua eliminação, a redução da sua emissão e a redução da exposição dos trabalhadores; a implementar o Programa de Conservação Auditiva; e a realizar estudo para determinar as mudanças estruturais necessárias nos equipamentos e no modo de produção.

No curso da ação, foi determinada a realização de inspeção judicial nos postos de trabalho da planta para dirimir controvérsias quanto aos controles técnicos da exposição ao ruído.

O mesmo ocorreu em relação ao PCMSO, tendo o perito constatado o descumprimento apontado pelo MPT nas duas questões.

Quanto à análise ergonômica dos postos de trabalho, a magistrada também acolheu os laudos periciais juntados.

O perito constatou descumprimento total e parcial de grande parte dos itens indicados pelo MPT, não conseguindo a JBS produz prova técnica apta a questionar as conclusões periciais.

A empresa deverá elaborar um cronograma com prazos para implementação de medidas que visem promover melhorias e adequações no processo produtivo nas situações de risco identificado e abster-se de permitir, para o trabalho realizado exclusivamente em pé, zonas de alcance horizontal e vertical que não favoreçam a adoção de posturas adequadas.

Também foi constatada ausência de sistema de segurança adequado na linha de produção do frigorífico. Por esta razão, a empresa deverá equipar sistemas (de trilhagem aérea, esteiras transportadoras, roscas sem fim ou nórias) com um ou mais dispositivos de parada de emergência, que permitam a interrupção do seu funcionamento por segmentos curtos, a partir de qualquer um dos operadores em seus postos de trabalho.

Quanto ao gerenciamento de riscos, a JBS deverá, entre outras obrigações, compatibilizar as metas com as condições de trabalho e tempo oferecidas, para fins de elaboração dos programas preventivos, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); elaborar o relatório anual com os dados da evolução clínica e epidemiológica dos trabalhadores; afastar o trabalhador do local de trabalho ou do risco quando verificada exposição excessiva ao risco; e adotar, quando constatada a ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, medidas como emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).

Por fim, a JBS deverá providenciar a proteção dos postos de trabalho, da recepção até o curral de animais de grande porte, contra intempéries, e realizar a identificação das atividades e a especificação das tarefas suscetíveis que expõem o trabalhador ao risco de contaminação biológica, por meio de classificação dos agentes patogênicos e meios de transmissão.

Fonte: hiper noticias

Colaborou:  Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
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