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Cuiabá(MT), Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024 - 23:06
14/04/2020 as 11:56 | Por ROSANA LEITE |
Motivos?
Violência contra mulheres é inexplicável. Não tem como dizer o porquê dos agressores cometerem delitos
Fotografo: divulgação
Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.

Existem situações sem explicações. Não há motivos. Os fatos acontecem, são cruéis, muitas vezes, debaixo de tortura.

No entanto, sem qualquer causa. Apenas as consequências trágicas são possíveis vislumbrar.       

A violência contra as mulheres é inexplicável. Aliás, não tem como dizer o porquê dos agressores cometerem esses delitos.

Todavia, basta a mídia narrar uma violência contra o gênero feminino para que pessoas comentem na matéria: “mas o que ela fez?” Ou: “não teria ela atiçado o homem?” Tem mais: “ela sempre soube que homens são nervosos e foi mexer.”

Na verdade, existem até ditados populares, diga-se de passagem, patriarcais, tentando aclarar o incompreensível. “Mulher inteligente é mulher calada”.

Ora, ora, elas não podem “mexer” com a fera. Afinal de contas, o gênero masculino é nervoso por natureza.

Que coisa, não? O gênero feminino que fique reduzido à insignificância de sempre aceitar algumas “circunstâncias da vida” que não podem ser mudadas.

No imaginário machista de alguns e algumas, ainda é o sexo masculino mais capaz e sábio para desenvolver determinados trabalhos. Se for algo em que a reflexão é necessária então, nem se fala.

Mulheres são tratadas como alguém a ser “ensinada” por eles. Mais ou menos assim: solteiras são propriedades e posses do pai, e, quando se casam, passam a pertencer aos maridos ou companheiros.

Tudo para as cuidar e educar. Quando o mundo é assim construído, de fato, fica difícil e desigual o enfrentamento. Daí, buscar motivos para cometimentos de crimes contra elas fica simples. 

Todos e todas sofrem ao ler notícia de feminicídio. E doloridos os comentários de leitores e leitoras perguntando o que a vítima teria feito para ser assassinada pelo seu “amor” ou “ex-amor”.

Não fica por aí. Os questionamentos são diversos quando os delitos sexuais são mostrados pela imprensa. O que ela teria feito? Como estaria se portando?       

Quando uma médica foi morta pelo seu companheiro enfermeiro na Itália, há poucos dias atrás, por ele ter pensado que ela o havia transmitido o coronavírus, explanações chamaram a atenção: “Não teria ela esnobado o parceiro por ser médica?” Outro: “Ninguém sabe o que se passava na casa deles.”        

Porém, a pergunta campeã é a seguinte: “será que ela traiu?”. E se traiu, tem que matar mesmo?         

Em certa ocasião ouvi de um agressor que os homens que surram as suas companheiras o fazem por amor. Sim, segundo ele, batem por gostar muito.

Não batem em filhos e filhas porque amam? Assim devem agir com os seus “amores” também.       

Não há motivos, jamais! Nada, absolutamente nada, pode justificar. Viver a dois é entender que duas pessoas se unem para buscar a felicidade.

Aliás, vivemos em busca dela. Logo, se aconteceu algo no relacionamento amoroso com o qual é impossível conviver, a saída é a separação. E deve ser imediata, para que o pior não aconteça.         

Quando os delitos ocorrem contra as mulheres, primordialmente, cometidos por seus “amores”, o correto é questionar as consequências desses atos, e se eles responderão integralmente pela ação.

Quantos filhos ou filhas perderam a mãe? A mulher continuará conseguir ter a mesma vida de antes do fato? Ela está precisando de auxílio? Precisa de atendimento psicológico ou psiquiátrico?       

Não pode existir motivação no cometimento desses crimes. Enquanto estiverem achando “razões” ou “desculpas” para esses acontecimentos, seguiremos com o androcentrismo de sempre.

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.

Colaboração Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
Cuiabá e Municípios da Grande Baixada Cuiabana.
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