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Cuiabá(MT), Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024 - 01:28
17/12/2021 as 18:50:31 | Por Leonardo Miranda |
Paulo Sousa, Carlos Carvalhal e Paulo Fonseca: diferenças e semelhanças táticas nos técnicos
Nomes pretendidos gostam de times ofensivos, mas possuem diferenças em ideias de jogo e metodologias
Fotografo: Reprodução
Técnicos pretendidos pelo Flamengo

Marcos Braz e Bruno Spindel têm algo em mente: acertar com um novo técnico para o Flamengo até o Natal. Os dirigentes viajam para a Europa nesta sexta, e a partir de Lisboa, pretendem conversar pessoalmente com alguns nomes e até se reunir com Jorge Jesus, com quem Braz pretende "pagar um cafézinho".

Três nomes saem na frente: Carlos Carvalhal, hoje no Braga; Paulo Fonseca e Paulo Sousa, treinador da Polônia. Ernesto Valverde, campeão espanhol no Barcelona com Messi, é outro nome especulado de uma viagem que não ficará apenas em Portugal.

Acertar com qualquer um deles será uma missão difícil. Pelos seguintes fatores: é meio de temporada na Europa, o que singifica que muitos técnicos estão empregados ou com difícil situação contratual. Além disso, o escolhido precisa abrir mão das distâncias curtas do Velho Mundo, que permite ir da Polônia para Portugal em horas, e topar vir a uma liga que não conhece, com um clima diferente e um calendário apertado.

Há outra questão em pauta: a adequação do treinador com a filosofia de jogo e as metodologias do clube, algo que o Flamengo peca há anos.

Primeiro de tudo: nenhum treinador é igual ao outro. Eles podem gostar de futebol ofensivo, serem formados na mesma escola. Mas no fim, são pessoas diferentes, com visões e jeitos diferentes de comandar e montar o grupo.

Por isso, a busca do treinador precisa de muita conversa e entendimento para ver qual deles mais se enquadra na filosofia do clube, no perfil do elenco e na metodologia adotada institucionalmente.Os nomes ventilados no Flamengo possuem semelhanças além da nacionalidade: são experientes, formados pela UEFA Pro, tiveram bons bons trabalhos e são tidos como treinadores da nova geração, influenciados pela metodologia de treinamento da escola do Porto.

Em termos de ideia de jogo, há diferenças que Braz e Spindel precisam ficar atentos.

Paulo Sousa, nome mais próximo no momento, começou a carreira na segunda divisão inglesa. Sem sucesso, rodou por Hungria, Israel e Suíça até fazer dois bons trabalhos: Fiorentina e Bordeaux. Em ambos, ele apostava num 3-1-4-2 quando o time tinha a bola. Os laterais ficavam bem à frente, com três zagueiros mais atrás e um volante na frente deles. Com isso, o espaço por dentro era ocupado por um centroavante mais fixo e três meias que tocavam curto, buscavam tabelas e aproximações

Foi assim que a Polônia, mesmo após péssima Euro, chegou nos playoffs para a Copa do Mundo. Na Fiorentina, melhor trabalho do treinador, a equipe tinha média de 59% de posse de bola, figurando no TOP 5 de times na Europa com maior média. O 3-1-4-2 virava 3-2-4-1 muitas vezes, com dois mais mais atrás para pensar o jogo e sempre um camisa 9 para fixar a defesa.

 “Sou um romântico, gosto que as minhas equipas sejam muito poéticas. Há dois jogadores determinantes numa primeira fase de construção: o goleiro e o primeiro volante. Esse volante é realmente um jogador fundamental”

— Paulo Sousa, em entrevista à Tribuna


Treinadores possuem suas ideias, mas sempre se adaptam ao material humano que têm em mãos. Na Fiorentina, Sousa adotava o 3-4-2-1 em todos os jogos. No Bordeaux, o time jogava num 4-2-3-1 e se defendia com duas linhas de quatro. O Flamengo de Jesus também se defendia assim. Qual a diferença? Enquanto a linha de defesa avança com Jesus, com Sousa ela corre para trás. Afeta no jogo dos zagueiros e dos laterais.

A maneira de defender de Sousa é muito diferente da de Paulo Fonseca, que quase foi para o Tottenham no meio do ano. Dentre os três, é o mais vencedor, mais badalado - e por isso, mais difícil. Em duas temporadas na Roma, ele usou vários sistemas, mas adotou um 5-2-3 na campanha que parou na semifinal da Liga Europa. Se a escolha do Flamengo for por ele, a foto dos zagueiros no vestiário certamente será diferente. E Arão? Pode voltar para a zaga?

 "Não, não gosto de jogar atrás e de esperar pelo contra-ataque. Pode acontecer às vezes, mas não é o meu estilo de jogo"

— Paulo Fonseca, antes da semifinal da Liga Europa, contra o Manchester United


Essas perguntas aumentam quando se analisa a forma de cada treinador pensar o ataque, o que os portugueses chamam de construção. Ao contrário de Carvalhal e Sousa, Fonseca gosta que o camisa 9 saia da área e busque a bola dos "médios". Ajuda a quebrar a marcação e abre espaço para as infiltrações de um atacante rápido, quase sempre Mkhitaryan. Com ele, Pedro pode ter mais espaço, mas Gabriel muda drasticamente de função.
Paulo Fonseca: centroavante sai mais da área — Foto: Reprodução

Já Carlos Carvalhal, que quase substituiu Jorge Jesus, é tido como um dos grandes nomes do futebol português e tem um perfil mais adaptável. Linha de cinco ou de quatro, ele usa tudo. E ao contrário dos outros dois, suas defesas possuem uma flexibilidade maior: o zagueiro muitas vezes sai na caça do atacante, não ficando que nem a linha de defesa de Paulo Fonseca. É o conceito da zona pressionante, que Abel Ferreira aplicou nos títulos do Palmeiras.

Eu consigo hoje ver o futebol sem olhar para os jogadores dentro de um sistema, mas dentro de uma dinâmica onde identificamos as fraquezas do adversário. Perguntaram-me sobre o peso da estratégia no nosso jogo. Eu respondi assim: o peso da estratégia é todo e nenhum. Nossa identidade é a flexibilidade.

— Carlos Carvalhal, em entrevista à Tribuna


No ataque, tal como Sousa, Carvalhal gosta de um centroavante mais fixo, dos laterais abertos e de dois volantes na frente dos zagueiros. O que muda é que um lateral pode vir para a zaga e um ponta fica aberto, com o intuito de tornar a jogada mais perigosa num lado e provocar inversões de jogo. Bruno Henrique pode se sair muito bem assim, com Filipe Luís mais fechado. Mas e se for Sousa? E Fonseca?

Mas nenhum deles irá resolver o maior problema do Flamengo desde a "virada" adminstrativa em 2013: a falta de um departamento de futebol forte, que tenha uma metodologia própria e não dependa somente do treinador.

Esse problema não é exclusivo do Flamengo. É algo que se repete no futebol brasileiro. O Palmeiras, rival da Libertadores, também tem essa questão. O Grêmio, que venceu tudo nos últimos anos, foi rebaixado pela falta de organização. Por confiar tudo a um técnico e deixar de pensar em organizar o futebol do clube. Com faturamento batendo 1 bilhão de reais, o Flamengo tem dinheiro de sobra e torcida em massa para seguir competindo.

Mas precisa entender que a escolha do técnico é uma das partes do futebol. Não o futebol inteiro. Seja com Paulo Sousa, Carlos Carvalhal ou Paulo Fonseca lá no Maracanã, orientando o time.

Por Leonardo Miranda/Jornalista, formado em análise de desempenho pela CBF e especialista em tática e estudo do futebol

Colaborou:  Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
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