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03/05/2021 as 16:18 | Por Murilo Chaves |
Fórum Social e Fórum Econômico Mundial, duas antagônicas estruturas
Com todas as suas diferenças, os dois encontros ocorrem de forma virtual e voltada para o debate do pós-pandemia
Fotografo: divulgação
Sem Legenda

Por Murilo Chaves Vilarinho, politólogo, doutor em Sociologia e docente da UFG (Universidade Federal de Goiás)

Os Fóruns Social e Econômico Mundiais são duas arquiteturas políticas de poder que, em alguma medida, influenciam o trajeto das relações internacionais no globo.

São eventos, portanto, de escopo transnacional, cujos objetivos são diametralmente opostos, desde suas origens.

Desse modo, apesar de ambos os espaços políticos de debates terem agendas diferentes em relação à abordagem e ao entendimento da sociedade global, no contexto capitalista de uma governança que não atenua, por exemplo, as disparidades sociais ao redor do mundo; é verdade que essas estruturas de discussão e debates reunirão, em 2021, com um fito convergente, em termos de proposição, qual seja, o de refletir o futuro da sociedade pós-COVID-19, porém mantendo a contraposição tradicional ensejada pelo FSM sobre os interesses do FEM de Davos.

Em suma, espera-se que desses debates possam resultar ideias construtivas para um mundo abalado pelos efeitos nefastos da pandemia do tempo presente, que adoeceu não apenas os povos, mas também os sistemas que regem a vida humana — social, político, econômico, ideológico, cultural.

Segundo consta das informações salvaguardadas pelo Ministério da Saúde, no Brasil, Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os coronavírus que infectam animais podem infectar pessoas, como exemplo do MERS-CoV e SARS-CoV.

Recentemente, em dezembro de 2019, houve a transmissão de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi identificado em Wuhan na China e causou a COVID-19, sendo em seguida disseminada e transmitida pessoa a pessoa.

A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos (poucos sintomas), e aproximadamente 20% dos casos detectados requer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).

A COVID-19 é uma doença de origem viral que tem assolado o globo como um todo. As nações prostaram ao vírus letal que tem ceifado vidas em suas sociedades, desafiando a ciência; a medicina, em especial; a logística e as própria relações internacionais, que, por meio da diplomacia, tem gerido negociações entre Estados soberanos, organizações e agências internacionais do sistema ONU e laboratórios de pesquisa e universidades na busca por cooperação, para colocar um fim à etiologia advinda do patógeno causador da infecção COVID-19.

Embora as vacinas tenham-se apresentado como grande trunfo e vitória das populações mundiais contra o inimigo biológico, muito ainda deve ser pensado, pois os reveses resultantes do cenário de pandemia poderão ainda ser sentido nos anos que estão por vir.

Essa concepção é pano de fundo para as agendas que serão discutidas, em 2021, pelos FSM e FEM. Cada qual, conforme sua essência de gestão política mundial, podem contribuir para a compreensão do devir.

Mesmo que o contexto internacional experimente dinamismos que o possam repaginar, tais como a emergência de uma gestão mais democrática nos EUA, campanhas de vacinação sendo realizadas mundo afora, entre outros; ponderar o futuro da população pós-COVID-19 ainda é uma ação necessária, depois de meses de limbo epidemiológico, porque não se sabe o que está por vir, há apenas especulações.

Nisso, FSM e FEM podem ser estruturas de grande auxílio, já que pensar a sociedade, o meio ambiente sustentável e, até mesmo, a economia e os mercados precisa estar na ordem das agendas estratégicas das nações.

O FEM apresenta-se como uma organização internacional que reúne anualmente, em Davos, líderes mundiais, investidores, economistas, com a finalidade de proporcionar um ambiente amigável para se pensara a situação mundial relacionada às finanças, política, sociedade, economia, desdobramentos da globalização do capital, desenvolvimento econômico, humano, social.

Este ano, o evento ocorrerá de forma virtual entre os dias 25 a 29 de janeiro. Em maio, o Fórum repetirá a reunião em Cingapura, de modo presencial. Em se tratando desse encontro, este ano a preocupação recai sobre a recuperação da economia mundial pós-pandemia.

O sistema socioeconômico precisa ser revisto em todas as nações, depois da COVID-19. A cooperação internacional será uma ferramenta para isso, conforme aponta o presidente do FEM, Klaus Schwab (WEF, 2021).

Representações políticas, comercial, organizações sociais buscaram pensar a Agenda para 2021. Nesse sentido, “Diálogos de Davos” será o momento oportuno para líderes mundiais indicar suas concepções sobre a situação global neste ano.

A reunião presencial em Cingapura irá se dedicar exclusivamente “A grande redefinição na era pós-COVID”, portanto será mais pragmática.

No que concerne ao FSM, movimento da sociedade civil transnacional, do Terceiro Setor e espaço democrático de debates, no ano de 2021, organizações sociais e ativistas de todo o mundo reunirão, também virtualmente, para debater sobre “Um Outro Mundo é Possível Pós-Covid-19”.

A edição deste marcará 20 anos de existência do Fórum, que foi inaugurado em 2001 em Porto Alegre em contraposição às mazelas do capitalismo e ao FEM de Davos- porta-voz da globalização neoliberal e segregadora.

O FSM virtual que ocorrerá em janeiro deste ano dará espaço ao FSM MX Pós-Pandêmico que ainda será realizado no México (FSM, 2021).

Para se pensar a crise capitalista planetária agravada pela pandemia, justiça social, meio ambiente, democracia, gênero, importância da gestão pública no equacionamento da crise mundial de saúde serão temas a serem discutidos. Uma fala bastante alusiva ao momento, que permite refletir sobre as consequências da pandemia na esfera internacional pode ser sintetizada pelo cofundador do FSM, Carlos Tibúrcio. Para ele:

“A pandemia revalorizou o papel das gestões públicas, o papel do Estado, o papel do bem comum. São papéis sempre combatidos pelas políticas neoliberais, por aqueles que querem privatizar tudo. Como se o mercado, que visa ao lucro, pudesse dar solução a problemas que são do bem comum.

A maior lição política que a pandemia ensinou o mundo é que é necessário fortalecer o bem comum, fortalecer os sistemas de saúde pública, é necessário ter solidariedade internacional.” (RBA, 2021).

Para concluir, embora o FEM e FSM apresentem-se como espaços para debates e entendimentos opostos, em 2021, irão se ater ao aspecto mundo pós-COVID-19, subsidiando possíveis caminhos para os atores em cenário futuro.

Nesse sentido, apesar de terem ideologias diferentes, ou seja, enquanto aquele busca salvaguardar o lucro e a competitividade promovida pelo capitalismo global e suas formas de governabilidade não equânimes em termos de promoção social; este intenta defender a bandeira da justiça social, contra os desdobramentos egoístas da globalização liberal; ambos, aos seus modos, irão propor ideias significantes que podem ajudar a reestruturação das sociedades.

Não significa que o FSM e FEM vão se tornar arquiteturas cooperativas, mas essas estruturas vão propor discussões que interessam a todos, já que contemplam todos os temas que regem a vida dos indivíduos.

O momento hodierno requer considerar e avaliar todo tipo de reflexão e ideias advindo de estância de poder e de debates de escopo transacional que possam subsidiar o beneplácito social.

Ainda é cedo para concluir as reais contribuições dos fóruns em destaque e ações influenciadas pelos seus debates, todavia é preciso que aguardemos o desdobramento da pandemia e o (in) sucesso dos instrumentos, até agora (ou a ser) empregados pelos chefes de governo e de Estado mundo afora para a contenção do vírus, para o equilíbrio econômico, financeiro e fiscal das contas públicas e das entidades privadas, para a efetiva (produção, negociação, logística etc.) vacinação em massa, para a salvaguarda das condições mínimas de sobrevivência dos trabalhadores e pessoas em situação de vulnerabilidade social entre outras preocupações.

Texto: Murilo Chaves Vilarinho

Colaborou:  Astrogildo Nunes – astrogildonunes56@gmail.com
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