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Cuiabá(MT), Domingo, 19 de Maio de 2024 - 12:23
05/05/2024 as 19:25:06 | Por Mídia News/Liz Brunetto |
Família cobra desfecho: “Não foi abordagem, foi execução”
João Antônio Pinto, de 87 anos, foi morto pelo policial civil Jeovanio Vidal Griebel em 23 de fevereiro
Fotografo: Arquivo pessoal
João Pinto, de 87 anos, foi morto no hangar de sua propriedade logo após se desentender com um possível invasor

Passados dois meses da morte do pioneiro João Antônio Pinto, de 87 anos, a família dele segue angustiada com a falta de desfecho. O inquérito está aberto e sem prazo definido para a conclusão das investigações.
 
Nesta terça-feira (3) foram divulgados os primeiros indícios de avanço, após a Corregedoria-Geral ter aberto um procedimento disciplinar e afastado o policial civil Jeovanio Vidal Griebel, autor dos disparos que mataram o pioneiro.
 
Segundo a defesa da família, a instauração do PAD deu um "certo alívio" a eles, diante da tristeza e angústia enfrentadas. "Confiam no trabalho da polícia e estão satisfeitos com o afastamento do investigador ", informou a advogada Gabriela Zaque. 
 
Seu João foi assassinado no hangar de sua propriedade no dia 23 de fevereiro, na região do Contorno Leste, no Bairro Jardim Imperial, em Cuiabá. 
 
O policial foi chamado na propriedade do idoso pelo seu cunhado, Elmar Soares Inácio, um suposto invasor que discutiu com a vítima cerca de meia hora antes dela ser morta. Jeovanio reuniu outros colegas e, descaracterizados e sem mandado, foram até a propriedade. 
 
Para o filho do pioneiro, José Antônio Ribeiro Pinto, a “conta não fecha” e é difícil compreender como o caso ainda não foi solucionado se está tudo tão claro, segundo ele.
 
“O camarada que disparou a arma é justamente o cunhado que foi acionado pelo invasor. Então tudo isso está muito evidente. A perícia das câmaras é o de menos, porque toda a abordagem foi ilegal. Foi tudo ilegal! Eles não deveriam estar lá”, disse. 
 
“Eles estavam em um ambiente particular, entraram sem ser anunciados, chegaram em viaturas descaracterizadas. O sujeito abordou o meu pai a longa distância, a 12 metros.  O meu pai tem 87 anos. Isso não foi abordagem, isso foi execução”, afirmou. 
 
O policial e outros cinco colegas do policial civil teriam chegado à portaria e proibido os seguranças de comunicar a chegada deles ao idoso, que estava no hangar junto com um funcionário. 
 
“Já sabemos como as coisas funcionam no Brasil, o tal do corporativismo é muito forte. Mas espero que ao menos esses dois sejam punidos, porque envolve uma delegacia inteira”, afirmou. 
 
A família, segundo José, está sob ameaças de morte desde o dia 28 de janeiro de 2023, dia em que a propriedade do pai foi invadida por grileiros. Desde então, a família, que possui a documentação da área toda regulamentada, têm lidado com diversos ataques. 
 
“Meu pai foi vítima do homicídio um dia após a visita da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava as invasões naquela área. Então é óbvio que a gente sabe que tem interesses econômicos muito fortes envolvidos e que a impunidade é uma hipótese forte”. 
 
“Não conseguimos entender a demora na conclusão dos laudos, porque praticamente eles confessaram que foi uma abordagem totalmente ilegal. No mínimo eles deveriam responder por abuso de autoridade, isso se não houvesse uma morte envolvida”. 
 
A  Assembleia Legislativa incluiu o caso da morte de João Pinto na CPI das Invasões, comissão que apura denúncias sobre invasões territoriais urbanas e rurais no Estado. 
 
Laudos e desdobramentos
 
A reportagem entrou em contato com a Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec), que informou que os laudos de necropsia, de local de crime e de computação forense estão prontos. 
 
O MidiaNews teve acesso a um desses documentos com exclusividade. O documento revelou o trajeto percorrido pela bala que matou a vítima. 
 
Faltam, segundo o órgão, os laudos de balística e de DNA na empunhadura da arma encontrada junto ao corpo da vítima. 
 
Segundo a Politec, não tem previsão para a conclusão dessas perícias, mas o laboratório forense informou que irá colocá-los na lista de prioridades. 
 
A Polícia Civil informou, nesta sexta-feira (3), que a Corregedoria-Geral instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o investigador. 
 
"O procedimento instaurado na Corregedoria-Geral imputa ao investigador as supostas práticas de homicídio, falsidade ideológica, improbidade administrativa, além de diversas infrações administrativas", diz trecho de nota. 
 
"A Corregedoria determinou ainda o afastamento do servidor das atividades operacionais, devendo o policial atuar apenas em atividades estritamente administrativas, além do recolhimento da arma de fogo e a proibição de utilização de viatura, até a completa apuração dos fatos nas esferas administrativa e criminal", diz outro trecho de nota.
 
 
 
 
Fonte: Mídia News/Liz Brunetto




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